Biografia



Lelia Gonzales

Lélia Gonzalez: professora, pesquisadora, antropóloga e ativista política. Fã de futebol e samba. Uma das principais vozes da militância com enfoque na mulher negra do Brasil.

Nasceu em Minas Gerais, na cidade de Belo Horizonte, no dia 1º de fevereiro de 1935. Filha de um ferroviário negro e de uma empregada doméstica índia. Teve 18 irmãos, sendo ela a penúltima filha a nascer. Mais tarde, toda a família se mudou para o Rio de Janeiro.

Sua paixão por futebol surgiu nessa época. Por um tempo, a família dela morou próxima ao Clube de Regata do Flamengo e um dos irmãos de Lélia jogava por lá.

Fez duas faculdades: História e Filosofia. E fez seu mestrado em Comunicação Social, e doutorou-se em Antropologia Social. Sua capacidade de despertar reflexões e boas argumentações fez dela uma educadora e pesquisadora exemplar. Deu aula em diversos colégios cariocas, foi professora universitária em diversas universidades do Rio e também diretora do Departamento de Sociologia e Política da PUC-Rio. Dominava o inglês, o espanhol e o francês.

Lélia não se calava a respeito da opressão da mulher negra, criticou a escola e também a universidade por não tratar do assunto como deveria. Usou sua trajetória acadêmica para pesquisar a história do povo negro, ler sobre pensadores negros, resgatar toda aquela história que foi e é invisibilizada pelo racismo. Mas jamais ficou apenas na teoria, ela mesmo afirmou que preferia a militância de rua. Ajudou a fundar e foi integrante do Movimento Negro Unificado. Ajudou a fundar e participou de diversos grupos que tratavam dessa temática como o "Coletivo de Mulheres Negras N'Zinga", o "Instituto de Pesquisas das Culturas Negras" e o Olodum.

O Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres foi um órgão criado por força da pressão feminista. Era pedido para o Estado de que houvesse um órgão especial para tratar de políticas públicas para mulheres. Quando fundado, Lélia foi indicada para ser membro. E participou da primeira composição desse. Foi indicada publicamente pela presidente, da época, do CNDM para ser Ministra da Cultura.

Sua trajetória na política tradicional inclui a disputa por uma vaga na Câmara Federal, em 1982, pelo PT e algum tempo depois, tentou uma vaga na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, pelo PDT. Em ambos os casos, ficou de suplente.

Participou de vários seminários, tanto nacionais, quanto internacionais. Escreveu ensaios, artigos, palestrou por todo o mundo. Como não era muito adepta da escrita tradicional acadêmica, muitas de suas obras foram coletivas. Lélia buscava conjugar diversas lutas numa só. Considerava importante que os grupos marginalizados da sociedade buscassem produzir seu próprio conhecimento.

Seu nome hoje é referência para os diversos movimentos brasileiros que buscam lutar contra o racismo e o machismo.

Era apaixonada não só pela luta pelos direitos humanos e o futebol, mas também pela música. O velho samba de raiz estava no seu coração. Por isso, além de ser muito vista na luta diária contra diversos tipos de preconceito, aparecia frequentemente em escolas de samba e estádios.

Morreu no Rio de Janeiro, onde passou maior parte de sua vida, em 10 de julho de 1994.

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Vídeo sobre Lélia Almeida González - narrado por Sueli Carneiro:


Vídeo de uma entrevista com Lélia González. Assunto: Mulher negra na mídia:

Parte 1:


Parte 2:
 

Entrevista com Lélia González, clique aqui para ler. 

Principais obras:

Livros:
- Festas populares no Brasil. Rio de Janeiro, Índex, 1987.
Lugar de negro (com Carlos Hasenbalg). Rio de Janeiro, Marco Zero, 1982. 115p. p.9-66. (Coleção 2 Pontos, 3.).

Ensaios e Artigos:
- “Mulher negra, essa quilombola.” Folha de São Paulo, Folhetim. Domingo 22 de novembro de 1981.
- “A mulher negra na sociedade brasileira.” In: LUZ, Madel, T., org. O lugar da mulher; estudos sobre a condição feminina na sociedade atual. Rio de Janeiro, Graal, 1982. 146p. p.87-106. (Coleção Tendências, 1.).
“Racismo e sexismo na cultura brasileira.” In: SILVA, Luiz Antônio Machado et alii. Movimentos sociais urbanos, minorias étnicas e outros estudos. Brasília, ANPOCS, 1983. 303p. p.223-44. (Ciências Sociais Hoje, 2.).
“O terror nosso de cada dia.” Raça e Classe. (2): 8, ago./set. 1987.
- “A categoria político-cultural de amefricanidade.” Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro (92/93): 69-82, jan./jun. 1988.
“As amefricanas do Brasil e sua militância.” Maioria Falante. (7): 5, maio/jun. 1988.
“Nanny.” Humanidades, Brasília (17): 23-5, 1988.
“Por um feminismo afrolatinoamericano.” Revista Isis Internacional. (8), out. 1988.
“A importância da organização da mulher negra no processo de transformação social.” Raça e Classe. (5): 2, nov./dez. 1988.
“Uma viagem à Martinica - I.” MNU Jornal. (20): 5, out./nov.8

Referências:
- Perfil - Lélia Gonzalez. IPEA
- Hoje na História, 1935, nascia Lélia Gonzalez. Geledés Instituto da Mulher Negra, 1 de fevereiro de 2012
- Lélia Gonzalez: Mulher Negra na História do Brasil. Amaivos
- Lélia Gonzalez: pioneira do recorte de gênero no Movimento Negro no Brasil. ABPN, 13 de julho de 2009.
- RATTS, Alex. As amefricanas: mulheres negras e feminismo na trajetória de Lélia Gonzalez. Fazendo Gênero 9, agosto de 2010.
- RATTS, Alex, e RIOS, Flávia. Lélia Gonzalez. 1ª. Ed. São Paulo: Selo Negro, 2010. P. 13-14
- Prêmio Lélia Gonzalez. Observatório Brasil da Igualdade de Gênero.
- Heróis de todo o mundo - Lélia Gonzalez. A cor da cultura
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